Disciplina - Lingua Portuguesa

11. Preconceito linguístico

Professor, comece explicando para os alunos que os falantes de uma língua aprendem desde cedo algumas estruturas básicas que permitem o uso para a comunicação. Essas estruturas são relativamente fixas e uniformes, mas elas podem sofrer variações devido a alguns fatores específicos, como a idade do falante. Um adolescente não usaria o mesmo vocabulário que o avô, por exemplo. Aproveite esse gancho para pedir aos alunos que mencionem diferenças entre o vocabulário usado por eles, os pais e os avós. Instigue-os para que lembrem de gírias que costumam dizer e ainda das palavras estranhas que aprenderam com os mais velhos. Crie no quadro duas listas com esse vocabulário (Linguagem do adolescente X Linguagem dos mais velhos).

A tirinha abaixo pode ser apresentada aos alunos para exemplificar o uso de uma linguagem coloquial, com fins humorísticos.
Tirinha


























Sobre a imagem, faça os seguintes questionamentos com os alunos (Podem ser feitos por escrito ou oralmente):


a) No texto é utilizada uma linguagem mais formal ou menos formal? (Para isso, antecipe uma breve explicação sobre níveis de formalidade da linguagem).

b) Peça aos alunos que identifiquem na charge expressões populares que aparecem nos balões. Incite-os a justificar o uso de tais expressões e questione sobre quais pessoas usualmente a empregariam.

c) Crie uma fala para a árvore, usando a linguagem informal.

d) Questione com os alunos: se trocássemos as falas dos balões por outras, como "Não há uma folha sequer em seus galhos, árvore!", o efeito humorístico continuaria? Qual a função da linguagem nesse contexto?


Na sequência, discuta outro tipo de variação: a profissional. Demonstre aos alunos que cada profissional desenvolve uma linguagem técnica própria da área a que se dedica. Faça uma nova divisão no quadro e peça a eles que digam expressões tipicamente utilizadas por algum profissional, como médico, advogado, engenheiro, mecânico. Depois disso, lembre-se de dizer o quanto é importante que cada profissional escolha os termos corretos para conversar com um leigo. Por exemplo, explique que não é conveniente nem seguro que um médico empregue uma linguagem extremamente técnica e complicada para se dirigir diretamente a um paciente ao explicar ou comunicar-lhe dados sobre seu estado de saúde. Apresente a tirinha abaixo e instigue-os a analisar os efeitos de sentido provocados pela fala do médico. Será que ele atingirá os seus objetivos: informar ao paciente os cuidados necessários para tomar o medicamento?

charge















Fale ainda sobre as variações situacionais, que dizem respeito à adequação da língua à situação de comunicação (o lugar onde se encontram os falantes, a função e os objetivos da comunicação, o grau de (in)formalidade entre os sujeitos, o assunto, os conhecimentos prévios compartilhados - de língua e de mundo - pelos falantes).

Proponha aos alunos as seguintes situações:

1) Um advogado encontra um outro advogado, colega de escritório, em um clube no fim de semana e diz: “E aí, amigão, tudo em cima?” O que eles acham disso? Está adequada ou não a fala, e por quê? Ouça com atenção os argumentos dos alunos e avalie se com eles pode se concluir que não há problemas nessa fala, porque eles estão em uma situação informal, fora do trabalho e que não exige um tratamento formal entre eles.

2) Os dois advogados se encontram numa audiência, no Fórum, e estão ambos em frente ao juiz. Como deve ser o cumprimento deles um para o outro? E se algum deles quiser se dirigir ao juiz, como será a fala? Nesse caso, as respostas devem ser direcionadas para a utilização de um tom mais sério e menos espontâneo, com a escolha cuidadosa de termos a serem empregados. (Se você achar adequado, poderia trabalhar aqui o uso de pronomes de tratamento, algumas palavras do jargão jurídico.)

3) Construa no quadro, junto com os alunos, mais alguns exemplos de variação situacional. Aproveite as indicações deles.

Essa atividade foi extraída da aula Preconceito linguístico: abismos entre a linguagem culta e coloquial, da professora Walleska Bernardino Silva - Belo Horizonte/MG. Disponível no Portal do Professor/MEC. Acessado em 11/07/2013. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade do autor.
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